sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sobre Carlos Afro de Robson Camini


CARLOS AFRO


Como definir Carlos Afro ?

Como definir o artista Carlos Afro ?

O bailarino, o pesquisador, o coreógrafo, o figurinista, o roteirista ...

Como definí-lo ?

É uma tarefa árdua.

Porque tem-se que ter em mente que todo o seu histórico, que remonta aos primórdios dos anos 80 é uma sucessão de evoluções (artísticas e pessoais), descobertas, inventividade ... que extrapola os cânones do que foi chamado de Dança Afro (ou balé), como preferirem.

A base ficou bem sedimentada como aprendiz de Marlene Silva e Márcio Valeriano, embebedando-se de fontes riquíssimas. 

O que acontece/aconteceu com Carlos Afro é que sua antena captou outras mensagens vindas de outras áreas da arte: a música (de todo o planeta), a poesia, o teatro, as artes plásticas, que ele sem nenhuma censura, sem nenhum pudor incorporou a Dança Afro. E o resultado ficou surpreendente !

Então quem já o viu atuando no palco através dos seus espetáculos,  pôde ver a mistura de todas essas influências, que provavelmente muitos puristas torceram o nariz, dizendo que o que estavam vendo não seria jamais um Balé Afro.

E é ai que eles perdem o bonde da história. O bonde da EVOLUÇÃO. 

Carlos Afro, intuitivamente, sabia que para dançar Afro no Brasil, esse país híbrido, não só de raças como também de culturas, era preciso incorporar essas informações a dança.

Pode-se ver em suas coreografias, o movimento de nossos antepassados “ da Argélia ao Senegal” aos sons de maracatus, sambas de roda nas umbigadas ou nas remotas traições angolanas. Tudo filtrado ali, pelos olhos e sensibilidade de Carlos Afro.

Sem contar que ainda não foi mencionado que os animais marcam sua presença, indelével, na concepção das coreografias. E é claro, que eles têm que estar presentes. Carlos Afro sabe dessa importante relação homem-animal que nenhuma grande cultura da humanidade pôde, quis ou vai se libertar.O que é uma característica, observada na simbiose que os egípcios tinham com os animais, nas suas indumentárias, esculturas, escrita, no sagrado e no profano. Esse aspecto na dança de Carlos Afro só confirma que nada passa ou passou despercebido a ele, já que a África está impregnada na sua alma, na sua essência como artista.

Também não se pode deixar de mencionar  que a Natureza e os seus elementos: água, terra, fogo e ar, emolduram todo o resto. Matriz de toda a sua criação.

Para a nossa cultura, a dança Afro, imaginada, concebida e levada aos palcos por Carlos Afro é a mais perfeita tradução do que de mais íntimo existe entre o continente Africano e esse país continente que é o Brasil.

AVE, CARLOS AFRO !

Robson Camini  - Primavera de 2009

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